
Eu era tão feliz….
Tinha alguns momentos de tristeza, é claro, como todas as pessoas neste mundo, mas, eu era muito feliz…
Tinha meus amigos esperando por mim e eu sabia que poderia contar com eles sempre que a vida me desse algum problema, ou eu mesmo me envolvesse em negócios não muito bem aceitos pela sociedade.
Minha mulher estava sempre me esperando bonita e alegre quando eu voltava do trabalho ou até quando eu desviava meu caminho e ia visitar uma certa mocinha que mora do outro lado da cidade.
Meu único filho, ainda pequeno, promete ser um homem grande não somente no tamanho, porém, na forma de ser. Eu o chamaria de um grande homem.
Meu maior defeito foi ser impulsivo demais, ansioso demais, arrebatado demais.
Eu queria mais e mais de tudo, mais e mais das pessoas, mais e mais da vida.
Naquela tarde de sol, eu já tinha planejado o que iria fazer:
Saio do trabalho, vou me encontrar com aquela mocinha que mora do outro lado da cidade, depois vou tomar uma cerveja com um amigo e, mais tarde, volto para casa desfrutar da alegria de ser pai e do aconchego da minha esposa.
Nunca imaginei que estivessem esperando por mim naquela esquina.
Inicialmente, eles queriam apenas meu celular. Depois, o relógio.
Quando realmente percebi o que estava acontecendo, o disparo daquela arma de fogo já havia atingido meu peito.
Não me lembro de todo o processo. Foi como se eu entrasse num sono profundo.
Agora, aqui em frente à minha lápide, tão pobre e simples, vejo minha mulher chorando e repetindo o meu nome com sofrimento e paixão.
Não sei quanto tempo vou conseguir ficar neste lugar.
De vez em quando, aqueles vultos aparecem e me castigam, me batem, me torturam, dizendo que eu não mereço nada além da dor.
Eles são perversos e não parecem querer deixar-me em paz.
Estão vindo… posso sentir a presença deles….

